Considerei oportuno este artigo. Vejo com grande frequências gente urbana desqualificando o nosso Estado. São setores atrasados no serviço público, na educação e nas universidades públicas. Ressalvo que não é regra. São setores.
Recordo que em 1979, quando MT foi dividido separando-se de Mato Grosso do Sul, o Estado era uma perigosa promessa. Desenvolvimento baixíssimo. Vivíamos da fé no futuro. Nisso é bom ressaltar que o mato-grossense sempre teve muita fé. Mesmo nos momentos mais difíceis da sua história.
Já escrevi aqui. Em 1976 vim de Brasília de carro. Durante 6 meses ia e vinha ver a família a cada 15 dias. Carmem e as 3 crianças ficaram lá até eu me firmar aqui. No trecho de 900 km entre Goiânia e Cuiabá, eu cruzava em média com 2 carretas de 8 ou 10 toneladas. Não havia carga pra sair do Estado, e nem carga pra trazer.
A onda de migrações para MT se deu de 1971 em diante. Principalmente os sulistas se dedicaram à agricultura, que demanda comércio e serviços em larga escala. Hoje, na mesma rodovia onde passavam 2 carretas, hoje passam até 26 mil por dia. Tem carga pra ir e tem carga pra voltar. Leva a produção agropecuária e traz insumos, máquinas combustíveis e alimentos, etc.
Os 38 municípios de então hoje são 141. O PIB que era em torno de 0,7 do PIB brasileiro, hoje passa dos 3,7 por cento(2023), ou R$ 235 bilhões. No mapa da produção, os maiores produtores de grãos do mundo são EUA, Brasil e Mato Grosso. A população que era de 1.139 em 1980, hoje é de 3 milhões 757 mil habitantes. Mato Grosso respondeu por 45% do saldo da balança comercial brasileira em 2022.
Se considerarmos o Mato Grosso que saiu da divisão em 1979 e este de agora, vivemos um salto gigantesco poucas vezes visto na história do mundo e do país. A tal ponto, que fôssemos um país seríamos um país de primeiro mundo. Sobre plataformas altamente tecnológicas. Cito como exemplo a Argentina que no começo do século 20 era a segunda potência econômica do mundo por sua poderosa produção de grãos e de carne. Hoje está totalmente fora do mapa mundial. Mato Grosso entrou no mapa econômico mundial.
Pessoalmente tive o privilégio de acompanhar passo a passo toda essa transformação. Hoje me preparo pra registrar essa história em plataformas tecnológicas. Vivi intensamente, do lado de dentro a divisão do Estado. Depois todas as fases posteriores até hoje.
Lamento que a sociedade urbana tenha a autoestima tão pobre em reação ao próprio Estado em que vive. Mas a História é lenta, porém justa. Tempo ao tempo. O atropelamento do futuro colocará tudo no seu lugar devido.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.
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