O fechamento do Centro Educacional Infantil Cuiabano Santa Inês, no bairro Poção, há quase um mês, segue causando transtornos para cerca de 200 famílias da capital. As crianças, com idades entre 0 e 4 anos, foram transferidas para um prédio improvisado no bairro Jardim Paulista, mas os pais denunciam que o novo espaço não oferece condições mínimas de segurança e infraestrutura.
Entre os problemas relatados estão o mato alto no entorno da unidade, escadas de madeira danificadas e o risco constante de acidentes. “A escada que dá acesso a duas salas está quase despencando. É de madeira, completamente instável. Como vamos confiar que nossos filhos estarão seguros?”, questiona Tâmara Souza, mãe de duas crianças e uma das representantes do grupo de pais que acompanha a situação.
Além da precariedade estrutural, outro problema apontado é a distância do novo local em relação à comunidade atendida originalmente. Muitos responsáveis relatam dificuldade para levar os filhos, especialmente quem não possui veículo próprio. “O lugar não está preparado. E a distância dificulta para muitas famílias que não têm carro”, desabafa outro responsável.
A situação se agravou após o feriado de 8 de abril, quando um temporal atingiu a região do Poção e provocou o transbordamento de um córrego ao lado da creche. Imagens registraram a água invadindo salas de aula. Desde então, o retorno das atividades foi sucessivamente adiado. Segundo relatos, a direção inicialmente alegou um problema elétrico, depois o destelhamento da unidade e, posteriormente, a necessidade de uma reforma geral. Mais recentemente, a justificativa para a demora foi a “falta de ligação de energia”.
O cenário impacta diretamente a rotina das famílias. Katiene Ferreira, que trabalha com serviços gerais, afirma ter faltado ao serviço para cuidar da filha. “Já tive que faltar ao serviço para cuidar da minha filha. Às vezes levo ela comigo, às vezes consigo alguém para ficar. Mas tem mães que já perderam o emprego”, conta.
Esse foi o caso de Tâmara, que perdeu o emprego de vendedora após sucessivas faltas para cuidar dos filhos. “Só meu marido está trabalhando, a renda da nossa casa diminuiu porque eu não posso trabalhar, não tenho com quem deixar as crianças”, lamenta.
Após vídeos divulgados nas redes sociais por Tâmara mostrarem a situação do prédio improvisado, o prefeito Abílio Brunini se manifestou afirmando que “as escolas municipais estão em maioria deste jeito, um abandono. Estamos tentando arrumar, mas sempre que começamos uma, já tem outra com problema. Estamos organizando a execução de acordo com a nossa capacidade financeira e de pessoal".
Enquanto isso, mais de 100 pais organizados em grupos de mensagens seguem cobrando providências e solicitando condições seguras e dignas para o retorno das aulas.
Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que os alunos serão realocados e as aulas retomadas nesta quarta-feira (7).
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