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O peso dos impostos e a falta de política industrial no Brasil

No Brasil, as importações de insumos e equipamentos industriais são duramente penalizadas

30/04/2025 às 19h47 Atualizada em 01/05/2025 às 10h11
Por: Redaçao
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O peso dos impostos e a falta de política industrial no Brasil

 

A Sondagem Industrial de março deste ano, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela um cenário desafiador para o setor industrial brasileiro. O estudo aponta que entre os principais problemas enfrentados estão a elevada carga tributária (33,3%), as altas taxas de juros (27,1%) e a demanda interna insuficiente (27,1%). Muito além das estatísticas, os números revelam uma clara falta de política de incentivo. 

No Brasil, as importações de insumos e equipamentos industriais são duramente penalizadas. O governo, em vez de fomentar a produção, sobrecarrega os importadores com uma carga tributária pesada, o que encarece os produtos na ponta e diminui nossa competitividade. Um caso recente foi o aumento da tarifa sobre importação de produtos químicos, aplicada pelo Governo Federal, que impacta diretamente o custo de produção de diversas indústrias.

Ao todo, cerca de 30 itens foram atingidos pela elevação tarifária implantada no fim de 2024, como o dióxido de titânio, que é um insumo importante para diversas indústrias, como a de tintas, a de alimentos e a farmacêutica. Com essa medida, a alíquota para compra de produtos desta natureza no exterior sofreu um salto expressivo, passando de uma variação de 7,6% a 12,6% para 20%. 

Esse é só um exemplo de como uma medida pode afetar diretamente a produtividade e capacidade de desenvolvimento das empresas, comprometendo o crescimento sustentável do setor. De forma global, as indústrias têm seus mecanismos de proteção e incentivos fiscais em todas as suas cadeias. No Brasil não pode ser diferente. Precisamos abraçar políticas que incentivem a produção local e reduzam a dependência de importações. 

Em Mato Grosso temos exemplos claros de oportunidades perdidas. Nosso estado é o maior produtor de algodão, mas ainda exportamos matéria-prima sem agregar valor. Por que não termos aqui toda a cadeia do vestuário? Somos o maior polo madeireiro, mas não contamos com uma indústria de porte para produzir e exportar móveis. E, apesar de sermos sistematicamente o maior produtor de couro, ainda não temos fábricas modernas de sapatos e bolsas. 

Com uma política comercial e industrial adequada, muitas dessas lacunas poderiam ser preenchidas, gerando empregos e renda. É claro que essa não é uma exclusividade de Mato Grosso. O Brasil todo é um país com enorme capacidade de desenvolvimento industrial, mas falta uma estratégia clara para transformar essa vocação em realidade. Isso inclui investimentos em logística, qualificação da mão de obra e redução da carga tributária. 

Sem uma política industrial eficiente, o Brasil corre o risco de ver seu potencial ser desperdiçado. Aos empresários do setor, minha mensagem é clara: a união é essencial. Precisamos caminhar juntos, fortalecer nossas entidades representativas, mostrar à sociedade e aos governantes que a indústria gera emprego, renda, inovação e desenvolvimento sustentável. Não queremos favores, mas sim condições de competir em condições justas com o resto do mundo.

Domingos Kennedy é empresário e presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC)

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