Do Centro Histórico ao Carnaval de Rua: Cuiabá retoma a Folia

O Carnaval de rua de Cuiabá, realizado no Centro Histórico, era um dos maiores e mais grandiosos espetáculos a céu aberto do Brasil nas décadas passadas. Contudo, historiadores e estudiosos afirmam que a festa perdeu parte de sua magnitude ao longo dos anos, principalmente após os anos 80. Hoje, embora em menor proporção, blocos e foliões se dedicam a manter viva essa tradição popular, ocupando o coração da cidade durante as festividades.

Exemplares de jornais antigos, preservados no Acervo Público de Mato Grosso, revelam uma Cuiabá vibrante, com grandes bailes no icônico Grande Hotel de Mato Grosso e a ocupação festiva das ruas do Centro Histórico. Essas imagens históricas trazem à tona a grandeza do carnaval cuiabano, em tempos onde a celebração tomava proporções imponentes e atraía grandes multidões.

A Luta pela Preservação Cultural

Jejé de Oyá, uma das figuras mais emblemáticas do carnaval cuiabano, foi pioneira em quebrar estigmas e desafiar a elite local entre as décadas de 50 e 80. Até hoje, a figura de Jejé de Oyá é lembrada, e uma premiação, organizada pela Bemtivi Produção Cultural, homenageia pessoas negras da baixada cuiabana, preservando essa memória rica e de resistência.

A Retomada das Ruas
Em 2025, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da cidade retomou a realização do Carnaval de rua em pontos estratégicos e históricos da capital, incluindo a Praça da Mandioca, Praça 8 de Abril e Praça Ricardo Franco. Além disso, blocos independentes ocupam outros locais tradicionais, como o largo da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte. Leosan Sampaio, do bloco Cena Livre da UFMT, destaca a importância da ocupação de espaços como o largo da Boa Morte, dizendo: “Só da gente ficar na Boa Morte é emblemático. Não me recordo em Cuiabá nenhuma ocupação nesse sentido.”

O Centro Histórico: Patrimônio e Resistência
O Centro Histórico de Cuiabá, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é a região onde tudo começou após a descoberta de ouro nas proximidades do córrego Prainha, em 1721. O processo de tombamento da área iniciou em 1980 e foi concluído em 1993, consolidando a importância histórica do local. Hoje, é um ponto turístico e cultural de Cuiabá, com casarões antigos que ainda abrigam moradores que preservam as estruturas, embora nem todos estejam em boas condições. A Secretaria de Cultura afirma que a responsabilidade pela preservação dos imóveis é dos próprios moradores, que resistem em manter a tradição de viver no coração da cidade.